segunda-feira, junho 14, 2021

Cultivando as noites (Augusto de Lanóia)

 Eu cultivo a noite como quem estivesse inalando o ar em seus pulmões pela primeira vez.

 A amplitude e o vasto silêncio da noite, soam para mim quase como um abrigo, protegido de todos os males do mundo. 

Eu venero a noite como alguém nu, que ajoelhado, reza por clemência após a embriaguez. 

Eu confio a ela minha nudez, como um guardião atento a todos. Eu escuto e entendo todas as suas dores e súplicas por entre as luzes artificiais. 

A noite brilha em seu próprio breu, inquieto e polido. E mesmo ela não estando quente, estará sempre presente e ao meu dispor, de forma recorrente.

Mas quando ela cansar... Que amanheça lentamente desse sonho esquecido de quem mente

Seja por acaso ou de repente.

Mas que respire só amor, bem permanente a mente sem dor!






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